Por: Pr. Lourival Dias Neto
Profundas transformações estão acontecendo na estrutura familiar, que comprometem ao mesmo tempo a beleza e a transcendência do casamento, bem como a família segundo o plano de Deus. Um olhar profundo sobre essa nova realidade nos faz ver um novo álbum de família, diferente daquele tradicional.
É necessário buscar uma reflexão que nos ajude a entender o que está acontecendo e ao mesmo tempo o que pode ser feito para trazer a família para dentro daquele propósito original de Deus. Não é a negação da existência dos conflitos familiares, sabemos que a família é o lugar da diversidade das idéias, dos sonhos, das aptidões, dos desejos, mas é a utilização dos próprios conflitos como fator de amadurecimento individual e coletivo.
Quando no processo decisório o individual está sempre acima do coletivo, a idéia de família unida e indissolúvel fica comprometida, as pessoas rompem com o estatuto da família e vão viver de outras maneiras. Frente a essa realidade, quais seriam os possíveis caminhos a serem tomados? Sem pretender esgotar todas as possibilidades, a guisa de exemplo, podemos relacionar alguns caminhos, que percorridos serão facilitadores de uma reconstrução. Em primeiro lugar a família precisa ser um lugar de abrigo. Uma grande parte das famílias perdeu a dimensão de sua função primeira de abrigo e verdadeira amizade e se transformou em um campo de batalhas insanas. Isso se deve primariamente ao desprezo das boas regras da convivência social, tão bem expostas na Bíblia Sagrada, Principalmente no sermão do monte, proferido pelo Senhor Jesus.
A família precisa ser um lugar de parceiros. O próprio Deus disse: “Não é bom que o homem viva sozinho. Vou fazer alguém que o ajude como se fosse a sua outra metade” (Gn 2.18. BHL). Ao nos vermos encastelados pelos desafios da vida, nada melhor do que contar com parceiros leais. A família é o espaço onde treinamos as nossas habilidades para uma vida de parceria. O peso da vida precisa ser redistribuído de forma mais justa e humana e isto só ocorre nos significativos vínculos construídos nas verdadeiras amizades.
Outro elemento importante é o entendimento da família como espaço de educação. Em Deuteronômio, cap. 6, Moisés instrui aos pais acerca da instrução aos filhos como condição de bênção. A compreensão de educação aqui passa necessariamente pelo conceito de desenvolvimento humano. É preciso entender desenvolvimento como um ato contínuo da vida. Não somos seres acabados, prontos para todas as demandas da vida, estamos em processo de crescimento, e a família como primeiro núcleo do convívio humano é importante na história de vida de todos nós. É nela que aprendemos os primeiros conceitos e temos as primeiras experiências de uma vivência social.
Os exemplos poderiam se multiplicar, mas em razão do espaço, deixo para o leitor a tarefa de pensar outros caminhos que possam ser trilhados, que nos levem a uma construção social mais segura, em que o nosso álbum de família seja resultado do equilíbrio entre os valores individuais e coletivos. A construção se faz construindo e como nos sentimos mais seguros quando ela se assenta sobre os valores históricos do Criador! Em que pese toda propaganda contra a instituição familiar, visando sua desconstrução, é preciso continuar acreditando na família como idéia de Deus.
Sobre o Autor: Presidente da Igreja Evangélica Assembléia de Deus, Ministério de Madureira em Sobradinho - DF; Ministro do Evangelho; Conferencista; Escritor e Psicólogo.
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